Caso se mantivesse a classificação usual dos gêneros literários, este livro de Noemi Jaffe seria uma coletânea de pequenos contos híbridos entre a prosa e a poesia. Entretanto, a crítica mais conservadora certamente encontrará dificuldades para categorizar estes 52 instantâneos da linguagem constelados entre a ficção e a história, a verdade e a imaginação.
Tendo como ponto de partida uma genealogia ficcional das letras do alfabeto e de algumas palavras da língua portuguesa, A verdadeira história do alfabeto é um apaixonante itinerário que vai de A a Z, de Aardvark a Zearalenona.
Entre as numerosas alusões que transparecem dos verbetes que compõem este volume, Jorge Luis Borges e as narrativas bíblicas são pontos de referência inescapáveis. Do mesmo modo, autores como Guimarães Rosa e Vladimir Nabokov dialogam com a mitologia indígena e os sonetos de Luís de Camões.
Inserindo-se numa tradição que inclui Giov…
Caso se mantivesse a classificação usual dos gêneros literários, este livro de Noemi Jaffe seria uma coletânea de pequenos contos híbridos entre a prosa e a poesia. Entretanto, a crítica mais conservadora certamente encontrará dificuldades para categorizar estes 52 instantâneos da linguagem constelados entre a ficção e a história, a verdade e a imaginação.
Tendo como ponto de partida uma genealogia ficcional das letras do alfabeto e de algumas palavras da língua portuguesa, A verdadeira história do alfabeto é um apaixonante itinerário que vai de A a Z, de Aardvark a Zearalenona.
Entre as numerosas alusões que transparecem dos verbetes que compõem este volume, Jorge Luis Borges e as narrativas bíblicas são pontos de referência inescapáveis. Do mesmo modo, autores como Guimarães Rosa e Vladimir Nabokov dialogam com a mitologia indígena e os sonetos de Luís de Camões.
Inserindo-se numa tradição que inclui Giovanni Battista Piranesi, Italo Calvino, Alberto Manguel e outros inventores de lugares imaginários, a autora de Quando nada está acontecendo constrói neste livro um antológico mosaico de ficções.
Indiferente às limitações das enciclopédias, dicionários e manuais de retórica, e amparada por numerosos idiomas, sejam eles reais ou inventados, Noemi Jaffe revela as metamorfoses de que a língua portuguesa, liberta das fórmulas do cotidiano, ainda é capaz.