
“Desde o início da minha produção em Artes Visuais, a História da Arte e, em especial, a história da pintura ocidental, fornecem uma fonte de pesquisa que oferece aos trabalhos não só um parâmetro – a ser continuado, questionado ou negado – dos desdobramentos históricos da linguagem e da Arte, mas afirma-se também como potência e interlocução. Em um movimento de vai e vem, o universo pictórico e a história cruzam o meu caminho (me atravessam) e inevitavelmente misturam-me com o passado, e esse movimento transforma-se em trabalho que se projeta em direção ao, quem sabe, futuro.
Me propus, portanto, indagar como se dá a articulação dos objetos em relação aos planos que produzem a ilusão de profundidade, configurando o espaço nas imagens. Através desse estudo, sugeri mudanças nessas sensações, e a experiência de novas relações espaciais, por meio da adição de camadas de tinta.
As interferências…
“Desde o início da minha produção em Artes Visuais, a História da Arte e, em especial, a história da pintura ocidental, fornecem uma fonte de pesquisa que oferece aos trabalhos não só um parâmetro – a ser continuado, questionado ou negado – dos desdobramentos históricos da linguagem e da Arte, mas afirma-se também como potência e interlocução. Em um movimento de vai e vem, o universo pictórico e a história cruzam o meu caminho (me atravessam) e inevitavelmente misturam-me com o passado, e esse movimento transforma-se em trabalho que se projeta em direção ao, quem sabe, futuro.
Me propus, portanto, indagar como se dá a articulação dos objetos em relação aos planos que produzem a ilusão de profundidade, configurando o espaço nas imagens. Através desse estudo, sugeri mudanças nessas sensações, e a experiência de novas relações espaciais, por meio da adição de camadas de tinta.
As interferências nas imagens, com o pretexto de produzir ‘erratas’ ou ‘corrigendas’ às obras de grandes artistas, nutrem-se dos conceitos cunhados por Umberto Eco, em ‘A obra aberta’ (embora essa referência não constitua o ponto de partida do processo) e Marcel Duchamp em ‘O ato criador’. Considero que as noções de abertura e apropriação, elucidadas por Eco e Duchamp, perpassam meus interesses no processo de elaboração de Erratas, ao me misturar com a história, com as obras abertas, no exercício de produção de novas linguagens.
Em outras palavras, a intenção foi fazer uso de fragmentos de imagens de pinturas, de tempos e lugares distintos, na medida em que as imagens circulam independentes de seus autores, dialogam e permanecem abertas à ventilação.
A junção entre ponto de vista, experiência espacial, cultura e história, entrelaçadas de forma não linear e desierarquizada, forma o que chamo de espaço nas imagens que compõem as Erratas. Esse espaço é ao mesmo tempo encontro e dispersão. Encontro de tempos pulverizados nos séculos que separam o pensamento que forma as imagens. Encontro de poéticas e espaços materializados em tinta no papel, dispersão dos acontecimentos em ambas, daquilo que se atualiza e retorna como novo na imagem. Encontro de cores, rearmonização das relações cromáticas por meio das tonalidades neutras, dispersão de objetos e ‘habitantes’ das imagens.
O vazio (preenchido de tinta), que se abre a partir das escolhas formais, apagamentos e sínteses, tem intenção de reconfigurar cada imagem.”