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FAMÍLIAS INTER-RACIAIS:
autoria: vainer schucman, lia
Editora: FÓSFORO EDITORA
ISBN: 9786584568976
Nº de páginas: 144.00
R$ 59,90

Como é possível que relações familiares permeadas de amor e consanguinidade sejam também violentas e repressoras do ponto de vista racial? Em um país onde um terço das relações matrimoniais se dá entre pessoas que se autoclassificam como sendo de raças diferentes, responder a essa pergunta é tarefa urgente para o avanço do combate ao racismo.
Ao indagar se vínculos afetivos em famílias inter-raciais podem amenizar ou desconstruir o ideário racista nos indivíduos, Lia Vainer Schucman percebe que a raça não atua apenas como elemento organizador, mas também como uma categoria geradora de dinâmicas, discursos, conflitos e hierarquias intrafamiliares. É o caso, por exemplo, dos Alves: apesar de João se considerar negro, Valéria não reconhece a identificação do filho, negando a origem e a presença da negritude na família. Assim, a mãe reproduz e legitima o racismo no qual foi socializada, ainda que haja amor em s…

Como é possível que relações familiares permeadas de amor e consanguinidade sejam também violentas e repressoras do ponto de vista racial? Em um país onde um terço das relações matrimoniais se dá entre pessoas que se autoclassificam como sendo de raças diferentes, responder a essa pergunta é tarefa urgente para o avanço do combate ao racismo.
Ao indagar se vínculos afetivos em famílias inter-raciais podem amenizar ou desconstruir o ideário racista nos indivíduos, Lia Vainer Schucman percebe que a raça não atua apenas como elemento organizador, mas também como uma categoria geradora de dinâmicas, discursos, conflitos e hierarquias intrafamiliares. É o caso, por exemplo, dos Alves: apesar de João se considerar negro, Valéria não reconhece a identificação do filho, negando a origem e a presença da negritude na família. Assim, a mãe reproduz e legitima o racismo no qual foi socializada, ainda que haja amor em sua relação.
Além desta, mais quatro famílias oferecem relatos comoventes e deixam entrever ora um profundo sofrimento, ora lampejos de consciência racial ativa e coletiva, demonstrando que o espaço familiar pode tanto ser um lugar de enfrentamento da violência, como de sua perpetuação. Das entrevistas também emergem conceitos muito debatidos nos estudos sociológicos e na antropologia — as máscaras brancas de Fanon, a dupla consciência de Du Bois — que, aliados à abordagem psicossocial de Schucman, permitem compreender não só a sociedade brasileira, embasada no mito da democracia racial, como a ideologia do embranquecimento e os impactos disso na subjetividade das pessoas. Vê-se também a dificuldade de classificação racial e o lugar de fluidez do mestiço, este que raras vezes tem sua subjetividade pesquisada.
Famílias inter-raciais é um estudo corajoso e acessível por sua linguagem e sensibilidade. Ao abrir a porta da casa de cada família, escancara o que no debate público já há muitos anos se diz: a formulação de mais estratégias de enfrentamento ao racismo é fundamental para combater a desigualdade e a crise social no Brasil.

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