Priscilla estreia em livro com poemas que pulsam e revelam a densidade dos temas do cotidiano em que a poesia se mostra como uma necessidade fisiológica para o ato de existir. Pois, pasmem, a poesia nos é, sim, tão necessária e básica quanto as necessidades primeiras do corpo: comer, beber, cagar, foder… e escrever! Poesia cretina vem subdividida em transmutações físico-sinestésicas, nas quais a palavra entra em um processo alquímico que é muito bem explorado e ampliado gradativamente, parte do contato inicial e aos poucos vai se mostrando: estarrecida/vaporosa/ azeda/derramada, por fim. A fragmentação do espaço-temporal mete o pé na porta dos olhos e reinaugura a essência das coisas, redesigna o comum à urgência de abandonar as funções comuns no encontro com possibilidades extraordinárias de dilatação do lirismo do verso e das pupilas feito brisa boa. Há que ser cretina para encarar a vida e as estruturas que …
Priscilla estreia em livro com poemas que pulsam e revelam a densidade dos temas do cotidiano em que a poesia se mostra como uma necessidade fisiológica para o ato de existir. Pois, pasmem, a poesia nos é, sim, tão necessária e básica quanto as necessidades primeiras do corpo: comer, beber, cagar, foder… e escrever! Poesia cretina vem subdividida em transmutações físico-sinestésicas, nas quais a palavra entra em um processo alquímico que é muito bem explorado e ampliado gradativamente, parte do contato inicial e aos poucos vai se mostrando: estarrecida/vaporosa/ azeda/derramada, por fim. A fragmentação do espaço-temporal mete o pé na porta dos olhos e reinaugura a essência das coisas, redesigna o comum à urgência de abandonar as funções comuns no encontro com possibilidades extraordinárias de dilatação do lirismo do verso e das pupilas feito brisa boa. Há que ser cretina para encarar a vida e as estruturas que nos esmagam e que nos querem ver sangrar. Por isso, a gente sangra e sagra. Há que se comer e vomitar a insolência ante o engessamento canônico. E Priscilla vem, convenientemente atrevida, enfiando os dedos nas feridas, carnavalizando a poesia, gozando a liberdade da própria palavra: “Acordada e pousada no fio de mais alta tensão/Uma espécie de bem-te-vi do mal/Cantando linda aguda afinadamente:/— Vai tomar no cu! Vai tomar no cu!”. A bem-te-vi do mal nos presenteia com o seu canto e convida a um encontro provocativo no qual é possível gozar através da palavra não só da liberdade do corpo, mas, principalmente, da liberdade de si, porque: “a verdadeira liberdade é só”.
Aline Cardoso, editora